EUROCIDADE

Cooperação além fronteiras

Num passado próximo, surgiu uma atividade comercial característica entre Valença e Tui: o trapiche, “contrabando do pé descalço”, assim apelidado pelas pessoas que o praticavam. Apesar de distinta do contrabando real, esta passagem pela alfândega com produtos proibidos e sem o pagamento das taxas era possível, embora igualmente ilegal. Este tipo de comércio era bem conhecido de todos, sendo que, para privilégio de alguns, era-lhes atribuído um cartão de identificação especial, o “passaporte de raiana”.

O trapiche era um dos únicos meios de sustento para muitas das famílias do Concelho, baseado na troca direta de mercadorias, praticado maioritariamente por viúvas e mulheres abandonadas com muitos filhos. A estratégia sábia do uso de autênticas “obras de engenharia têxteis”, permitiam o transporte secreto de quilos de produtos sob as roupas, onde o objetivo era conseguir passar pelas alfândegas e guardas, sem que a mercadoria fosse aprisionada. Na mais difícil das hipóteses, as crianças também participavam neste tipo de transação, pelo seu perfil mais discreto.

Nos tempos atuais, a presença de vestígios dessa ligação contínua de entreajuda, mudou o seu conceito, agora com uma visão mais diligente na fusão dos valores culturais e sociais destas duas cidades, para atingir um único propósito: a cooperação, em prol do desenvolvimento do turismo na região.

Perante esta parceria, é notório um crescente aumento de oportunidades para o desenvolvimento do território, através da partilha de equipamentos públicos nas mais diversas áreas, como a saúde ou a cultura. Isto faz com que esta seja a região terrestre mais movimentada entre Portugal e Espanha, sendo considerada como o centro geo-estratégico do Noroeste Peninsular.

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